sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O Espírito Santo: pessoa, plenitude, dons e fruto




1 – A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

A. Sua divindade
O Espírito Santo é da mesma essência do Pai e do Filho:

1) Teve atuação na criação (Gn 1:2,26);
2) Inspirou as Santas Escrituras (2Tm 3:16; 1Pe 1:21);
3) Está em posição de igualdade na Trindade (1Co 6:11);
4) Atributos divinos são atribuídos a Ele:

a) Onipresente (Sl 139:9);
b) Onipotente (Rm 15:19);
c) Onisciente (1Co 2:10);
d) Eternidade (Hb 9:14).

B. Seus nomes e símbolos
O Espírito Santo é chamado na Bíblia de:

1) Espírito de Deus (1Co 3:16; Gn 1:2);
2) Espírito de Cristo (Rm 8:9);
3) Espírito Santo (At 1:5);
4) Espírito de Vida (Rm 8:2);
5) Espírito de Adoção (Rm 8:5; Gl 4:5-6).

O Espírito Santo também é simbolizado pelo:

1) Fogo (Lc 3:16);
2) Vento (At 2:2);
3) Água, Rio ou Chuva (Jo 7:37-39);
4) Óleo ou Azeite (Zc 4:2-6);
5) Selo (Ef 1:13);
6) Pomba (Mt 3:16-17).

C. Sua obra no crente
Quanto à obra do Espírito Santo no crente a Escritura diz o seguinte:

1) Convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:6-13);
2) É o Consolador prometido e enviado pelo Senhor Jesus (Jo 14:16-17);
3) Opera no crente:

       a) Regenerando-o (Jo 3:3-6; Tt 3:5);
       b) Batizando-o no corpo de Cristo (Jo 1:32-34);
       c) Habitando-o (1Co 6:15-19);
       d) Selando-o (Ef 1:13-14);
       e) Proporcionando-lhe segurança (Rm 8:14-16);
f) Fortalecendo-o (Ef 3:16);
g) Enchendo-o (Ef 5.18-20);
h) Libertando-o da lei do pecado e da morte (Rm 8:2); 
i) Guiando-o (Rm 8:14);
j) Chamando-o para serviço especial (At 13:2,4);
k) Orientando-o para serviço especial (At 8:27-29);
l) Iluminando-o (1Co 2:12-14);
m) Instruindo-o (Jo 16:13-14);
n) Capacitando-o (1Ts 1:5).

2 – a plenitude do Espírito Santo

A. Definição
Segundo o Novo Testamento, há um revestimento de poder pelo Espírito Santo disponível para todos os cristãos:

1) João Batista disse que Jesus batizaria com o Espírito Santo (Mt 3:11);
2) O próprio Senhor Jesus prometeu que o Espírito Santo desceria sobre os discípulos: (At 1:8);
3) E a promessa se cumpriu no dia de Pentecostes, pois Jesus não é e nunca será um mentiroso (At 2:1-4):

a) A promessa era para os judeus ali presentes (é para vocês);
b) Para os filhos deles naquela geração e nas seguintes (para os seus filhos);
c) E para todos que Deus chamar através do evangelho da salvação em todos os tempos. Portanto, a promessa foi feita para todos os que creem em Jesus como Senhor e Cristo, desde o dia de Pentecostes até o fim dos tempos (At 2:39);

Como podemos chamar esta experiência com Espírito Santo? Os termos bíblicos para esta experiência são:

1) Batismo com o Espírito Santo (Mt 3:11; At 1:5);
2) Ficar cheio do Espírito Santo (At 2:4; Ef 5:18);
3) Receber o Espírito Santo (At 8:17; 10:47);
4) O Espírito Santo descendo sobre (At 10:44; 11:15);
5) Ser derramado o Espírito Santo (At 2:17-18; 10:45);
6) Receber o dom do Espírito Santo: (At 2:38):

a) Um dom é um presente, uma dádiva, algo que foi dado. O dom do Espírito Santo é um presente de Deus aos convertidos, pois segundo Atos 2:36-38 a fé em Jesus como Senhor e Cristo, o arrependimento dos pecados, o batismo nas águas e o conseqüente perdão dos pecados são pré-condições para recebê-lo;
b) O Novo Testamento também mostra o dom do Espírito Santo sendo conscientemente desejado, buscado e recebido (At 1:4,14; 4:31; 8:14-17; 19:2-6);
c) A única exceção possível à regra foi o caso de Cornélio (At 10:44-45). Daí, o "batismo no Espírito Santo" não deve ser um dom automaticamente concedido aos crentes, ou seja, ele não pode ser confundido com a habitação do Espírito.

B. Quando acontece
            Quando esta experiência acontece? Como podemos defini-la? O Novo Testamento mostra que:

1) Algumas vezes ela ocorreu após a conversão:

a) Os 120 no dia de Pentecostes (At 2:1-13);
b) Os samaritanos (At 8:4-19);
c) O apóstolo Paulo (At 9:1-19);

2) Mas em outras não há um lapso de tempo discernível, pois tudo parece ser parte de um só evento. Dessa forma, podemos afirmar que "há uma distinção lógica, mesmo se não for uma distinção temporal, entre o novo nascimento e o batismo no Espírito"[1]:

a) O caso de Cornélio (At 10:44-48; 11:15-17);
b) E o caso dos efésios (At 19:1-7).

Portanto, o revestimento de poder pode ser melhor definido como uma "experiência adicional à conversão"[2]. No entanto, o batismo no Espírito não é a única e nem a experiência definitiva da obra do revestimento de poder pelo Espírito Santo. Ele é a primeira experiência de uma vida caracterizada por várias unções ou enchimentos do Espírito. O Novo Testamento descreve que várias e várias vezes na vida cristã o crente tem experiências dinâmicas da presença do Espírito Santo, todas após a conversão (Ef 5:18). A gramática da língua original (grego) em que foi escrito o Novo Testamento mostra aqui um tempo verbal no presente, que indica continuidade. Dessa forma, o enchimento do Espírito Santo não é uma experiência que acontece uma única vez na vida cristã. Vejamos alguns exemplos dessa verdade no Novo Testamento:

1) O Apóstolo Pedro, batizado no Espírito em Atos 2, ficou novamente cheio do Espírito quando se dirigiu às autoridades religiosas de Israel (At 4:8);
2) Os Apóstolos João e Pedro, depois de soltos da prisão, se reuniram com os primeiros cristãos, oraram, todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciaram corajosamente a palavra de Deus (At 4:31);
3) Em Chipre o Apóstolo Paulo ficou cheio do Espírito (At 13:9).

Este mesmo grupo de cristãos, que estava presente no dia de Pentecostes, ficou "cheio do Espírito" de novo. "Se é verdade que as experiências em Atos 2 não podem ser repetidas para aquele grupo étnico, por que temos Atos 4:31? Além disso se a linguagem em Atos 2 descreve a salvação, os crentes em Atos 4:31 estão sendo salvos de novo?"[3] Todos os exemplos acima citados mostram cristãos, e não apenas Apóstolos, que tinham sido batizados no Espírito sendo novamente cheios pelo Espírito Santo, recebendo uma nova unção. Um discípulo de Jesus batizado no Espírito e várias vezes durante a sua vida cristã se deixando encher por Ele, vive sob o controle e poder do Espírito Santo.

C. Evidência
Como saber que você foi batizado no Espírito? Quais são as evidências que você ficou cheio do Espírito Santo? O batismo no Espírito Santo, que é a experiência inicial do revestimento de poder assim como os vários enchimentos posteriores, é evidenciado:

1) Às vezes pela manifestação do dom de falar em línguas (At 2:4; 10:46; 19:6);
2) Mas não é sempre que isso acontece, pois em dois casos no Novo Testamento, entre os cinco relatados, não há evidência bíblica das línguas por ocasião do batismo no Espírito:

a) Os samaritanos (At 8:4-19);
b) O Apóstolo Paulo (At 9:1-19).

O que se pode fazer nestes casos é uma inferência, uma dedução e, segundo o entendimento de muitos, não é correto sob o ponto de vista hermenêutico afirmar uma doutrina baseado em uma inferência.

            Embora o falar em línguas seja "um dos aspectos legítimos da fé apostólica, não há, em nenhum lugar do Novo Testamento, asseveração que defina a glossolalia como a única evidência"[4] do batismo no Espírito. “A maioria dos carismáticos associam a renovação ou batismo no Espírito com a manifestação dos carismas, que regularmente incluem o falar em outras línguas".[5] Portanto, cremos que o revestimento de poder pelo Espírito Santo também pode resultar na manifestação dos outros dons espirituais:

1) Profecias, visões e sonhos (At 2:17; 10:46);
2) Palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, dons de curar, poder para operar milagres, profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas, interpretação de línguas (1Co 12:4-10; 14:2,15);
3) E conforme o Espírito Santo os distribuir (1Co 12:11);
4) Além disso, há outros resultados do fato de ser cheio do Espírito Santo:

a) A pregação poderosa do Evangelho (At 4:31);
b) Mensagens proféticas e louvores (At 2:4,17; 10:46; 1Co 14:2,15);
c) Maior sensibilidade ao pecado, busca pela santidade e percepção do juízo de Deus contra impiedade (Jo 16:8; At 1:8);
d) Uma vida que glorifica a Jesus (Jo 16:13-14; At 4:33);
e) Visões da parte do Espírito (At 2:17; 7:55);
f) Maior desejo de orar (At 2:41-42; 3:1; 4:23-31; 6:4; 10:9; Rm 8:26);
g) Maior amor à Palavra de Deus e melhor compreensão dela (Jo 16:13; At 2:42);
h) E uma convicção ainda maior de Deus como Pai (At 1:4; Rm 8:15; Gl 4:6);

Em outras palavras, você receberá poder para testemunhar de Cristo (At 1:8), viverá uma vida santa, pois Cristo vive em você (Gl 2:20) e a sua vida será caracterizada pelo fruto do Espírito (Gl 5:22-23).

3 – os dons e o fruto do Espírito Santo

A. Definição e atitudes erradas
O que é um dom espiritual? "Dom espiritual é qualquer talento potencializado pelo Espírito Santo e usado no ministério da igreja". Em outras palavras, são capacidades que habilitam os cristãos a executarem uma tarefa específica na igreja local. Confira abaixo algumas atitudes erradas sobre os dons espirituais:

1) O desejo de pedir dons segundo o próprio gosto (1Co 1:6);
2) Inferioridade – erro de depreciar pessoalmente o dom que Deus tem dado a você (1Co 12:15-20);
3) Superioridade – erro de depreciar pessoalmente o dom que Deus tem dado a um outro irmão na igreja (1Co 12:21-27);
4) O erro de exercer funções (ofícios) em desarmonia com os seus dons (Rm 12:6-8; 1Pe 4:10);
5) O erro de enfatizar um dom, como o dom de falar em línguas (1Co 12:28-30);
6) O erro de proibir o exercício de certos dons (1Co 14:39);
7) O erro de se concentrar nos dons e não no doador dos dons (2Co 3:5-6).

Quais as orientações básicas são necessárias seguir para descobrir os nossos dons espirituais? Esteja sempre disposto a servir, trabalhe e se envolva. Faça tudo o que a Bíblia diz que devemos fazer e que não depende de dons (ex.: amar, servir, perdoar, ser hospitaleiro e etc.) e ouça o que as outras pessoas, especialmente os líderes, dizem a respeito do que você é capaz de fazer.

B. Dons de ensino e pregação
1. Palavra da sabedoria. “Uma mensagem, proclamação ou declaração de sabedoria, não significa que os que ministram a mensagem sejam necessariamente mais sábios que os outros”[6]. São exemplos desse dom:

1) A escolha dos primeiros diáconos (At 6:1-6);
2) Estevão proclamando o evangelho (At 6:10);
3) A decisão do Concílio de Jerusalém (At 15:19-29);
4) O caso de Salomão sobre a criança (1Rs 3:25).

2. Palavra do conhecimento. “Está relacionado ao ensino das verdades da Palavra de Deus”[7].

C. Dons do ministério
1. Profecia. Segundo o Novo Testamento, não é “previsão do futuro” ou “proclamação de uma palavra do Senhor”, mas “dizer algo que Deus traz de modo espontâneo à mente”[8]. Para nós, os profetas do Novo Testamento não são iguais aos do Velho Testamento[9]:

1) Os profetas do Velho Testamento falaram e escreveram as palavras do próprio Deus (Nm 22:38; Dt 18:18-20; Jr 1:9; Ez 2:7);
2) Não crer ou desobedecer aos profetas do Velho Testamento era igual a não crer ou desobedecer a Deus (Dt 18:19; 1Sm 8:7; 1Rs 20:36);
3) No Novo Testamento os homens que falaram e escreveram palavras do próprio Deus foram chamados Apóstolos (1Co 2:13; 2Co 13:3; Gl 1:8-9,11-12; 1Ts 2:13; 4:8,15; 2Pe 3:2);
4) Os profetas do Novo Testamento não falavam com autoridade equivalente à das palavras da Escritura:

a) Os discípulos de Tiro “movidos pelo Espírito” recomendaram que Paulo não fosse a Jerusalém, mas ele desobedeceu (At 21:4);
b) O profeta Ágapo disse que os judeus em Jerusalém amarrariam Paulo e os entregaria aos gentios, mas foram os romanos que prenderam Paulo (At 21:10-11);
c) Paulo orienta aos tessalonicenses para não desprezar as profecias, julgar todas as coisas e reter o que é bom (1Ts 5:20-21);
d) Paulo orienta aos coríntios que se tratando de profetas falem apenas dois ou três e os outros julguem (1Co 14:29);

5) As profecias no Novo Testamento:

a) Podiam incluir qualquer conteúdo edificante (1Co 14:3-4):
b) Havia algumas predições (At 11:28; 21:22);
c) Mas também havia revelação de pecados (1Co 14:25);
d) Todos podiam profetizar (1Co 14:5,31);
e) Mas nem todos eram profetas (1Co 12:29);

6) Devemos procurar com zelo o dom de profecia (1Co 14:1,39);
7) Advertências que devem ser consideradas[10]:

a) “Muitos de nossos erros no que diz respeito aos dons espirituais surgem quando queremos que o extraordinário e excepcional torne-se freqüente e habitual. Que todos os que desenvolvem um anseio excessivo por “mensagens” mediante dons sejam alertados pelo naufrágio de gerações passadas, bem como contemporâneas [...] As Escrituras Sagradas são lâmpadas para nossos pés e luz para nossos caminhos” – Donald Gee (Assembleia de Deus);
b) “As profecias que dizem a outras pessoas o que elas devem fazer – devem ser encaradas com grande suspeita” – Michael Harper (Episcopal Carismático);
c) “O subjetivista pensa frequentemente que “Deus lhe manda” fazer coisas [...] Os subjetivistas são com freqüência muito sinceros, muito dedicados e dominados por um compromisso tal de obedecer a Deus que envergonham cristãos mais prudentes. Entretanto, estão trilhando um caminho perigoso. Os ancestrais deles já percorreram antes, e sempre com resultados desastrosos a longo prazo. Sentimentos internos e inspirações especiais são, pela própria natureza, subjetivos. A Bíblia fornece a nossa orientação objetiva” – Donald Bridge (Carismático Britânico).

2. Dons de curar. A doença física surgiu como conseqüência da queda do homem e nos conduz à morte física. Mas, Cristo nos redimiu:

1) Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, as nossas dores e por suas pisaduras somos sarados (Is 53:4-5);
2) Essa cura é física e espiritual:

a) Pedro cita Isaías 53 para falar da nossa salvação – a cura espiritual (1Pe 2:24);
b) Mateus cita Isaías 53 com referência às curas físicas realizadas por Jesus (Mt 8:16-17);

Os propósitos da cura são:

1) Servir como um sinal para autenticar a mensagem do evangelho e mostrar que é chegado o Reino de Deus;
2) Trazer conforto e saúde aos doentes evidenciando a misericórdia divina para os que sofrem;
3) Capacitar as pessoas para o serviço ao remover os impedimentos ao ministério;
4) Prover oportunidade para que Deus seja glorificado.

Mas o que dizer do uso dos remédios? Grudem diz que “devemos usar os remédios caso disponhamos deles, porque Deus criou na terra substâncias com que podemos produzir remédios” e que “devemos empregar os remédios de bom grado com gratidão ao Senhor” (Sl 24:1). Não usar os remédios é tentar a Deus e pecado. Todavia, a nossa confiança deve sempre estar no Senhor e não devemos colocá-la nos médicos ou remédios como Asa (2Cr 16:12-13). Para ele o remédio quando é empregado com a oração devemos esperar a bênção de Deus como fez Isaías com o rei Ezequias (2Rs 20:7). Quando os remédios não estão disponíveis ou não fazem efeito, Jesus pode curar[11].

Concordo com Grudem quando ele diz que é correto pedir a cura a Deus e que a incredulidade pode levar à falta de oração e de respostas de Deus (Tg 4:2). Ele também indica alguns erros que podem ser cometidos[12]:

1) Jamais orar por cura é errado, pois desobedece a Tiago 4:2;
2) Dizer que Deus raramente cura hoje e que as pessoas não devem esperar nada não é uma boa solução, pois não provê um ambiente propício à fé;
3) Dizer às pessoas que Deus sempre cura hoje se tivermos fé é um ensino cruel não apoiado pelas Escrituras;
4) O correto é dizer às pessoas que Deus cura hoje com freqüência se tiver fé e que é provável que elas sejam curadas.

            Os que têm os dons de curar são aqueles irmãos que percebem que Deus atende com mais freqüência as suas orações do que as dos outros. Todavia, nem todas as orações por cura são atendidas:

1) Às vezes Deus não concede a “fé” especial de que a cura ocorrerá (Tg 5:15);
2) Deus às vezes não cura por causa dos seus propósitos soberanos:

a) Apesar dos sofrimentos do tempo presente e gemermos aguardando a redenção do nosso corpo, sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito (Rm 8:18,23,28);
b) Deus não retirou o espinho na carne de Paulo para mantê-lo humilde diante dEle (1Co 12:7; 2Co 12:9);
c) Paulo deixou Trófimo doente em Mileto (2Tm 4:20);
d) Timóteo tinha problemas no estômago e enfermidades que não foram curadas (1Tm 5:23);
e) Tiago exortou com palavras de incentivo os que estavam passando por provações, entre elas doenças (Tg 1:2-4);
f) Pedro também fez a mesma coisa (1Pe 1:6-7; 4:19);

3) Quando Deus não curar, ainda assim devemos dar graças como fez o salmista (1Ts 5:18; Sl 119:67).

3. Operação de maravilhas. “A operação de maravilhas consiste em dois plurais: ‘dunamis’ (façanhas de grande poder sobrenatural) e ‘energema’ (resultados eficazes)”[13] e acontece em relação às operações de Deus (Mt 14:2; Mc 6:14; Gl 4:5; Fp 3:21) e operações de Satanás (2Ts 2:7,9; Ef 2:2)[14].

4. Fé. “Oração fervorosa, alegria extraordinária e coragem incomum acompanham o dom de fé” São exemplos bíblicos do exercício deste dom o confronto de Elias e os profetas de Baal (1Rs 18:33-35) e a postura de Paulo a bordo do navio em meio a tempestade (At 27:25)[15]. No entanto, não confunda esse dom com a fé salvadora em Jesus.

5. Discernimento de espíritos. “Envolve uma percepção capaz de distinguir espíritos, cuja preocupação é proteger-nos dos ataques de Satanás e dos espíritos malignos”[16] (1Jo 4:1). Uma outra definição deste dom diz que ele “é uma capacidade especial de reconhecer a influência do Espírito Santo ou espíritos demoníacos numa pessoa”[17]. O Novo Testamento mostra este dom nas seguintes situações:

1) Na identificação do tipo de espírito que operava na jovem filipense por Paulo (At 16:18);
2) Na resistência de Paulo a Elimas (At 13:11);
3) Implica no discernimento entre os vários tipos de espíritos malignos:

a) Espírito de enfermidade (Lc 13:11);
b) Espírito de adivinhação (At 16:16);
c) Espírito surdo e mudo (Mc 9:25,29);
d) Espírito de erro (1Jo 4:6).

4) Permitindo identificar se os espíritos procedem de Deus (1Jo 4:1).

D. Dons de adoração
1. Variedade de línguas. Podemos definir o dom de falar em línguas como “oração ou louvor expresso em sílabas não compreendidas pelo locutor”[18]. O dom de línguas é:

1) Palavras de oração ou louvor dirigidas a Deus (1Co 14:2);
2) Não compreendidas por quem fala ou escuta (1Co 14:2,11,13-19,23);
3) Orar com o espírito, não com a mente (1Co 14:14-15);
4) Não extático, mas autocontrolado (1Co 14:27-28);
5) Línguas sem interpretação são proibidas na igreja (1Co 14:27-28);
6) Os crentes que falam em línguas sem interpretação são “meninos” (1Co 14:20);
7) Línguas com interpretação edificam a igreja (1Co 14:5);
8) Nem todos falam em línguas (1Co 12:29-30; 1Co 12:11)

2. Interpretação de línguas. Este é o único dom que depende da existência de outro dom – a variedade de línguas. “Não havendo dom de variedades de línguas, não pode haver a interpretação de línguas”[19].

E. O Fruto do Espírito
Na batalha espiritual travada na carne só há dois caminhos: as obras da carne ou o fruto do Espírito. Quem escolhe a segunda opção anda em santidade e poder, edificado no Espírito e irá gozar a vida eterna com Deus. O fruto do Espírito (Gl 5:22-23) é:

1) Amor: Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outro sem nada em troca;
2) Alegria: Gozo; contentamento; satisfação; é o amor jubilando;
3) Paz: Ausência de perturbações, lutas ou de conflitos; é o amor descansando;
4) Paciência: Longanimidade; virtude que consiste em suportar dores e infortúnios com resignação; é o amor esperando;
5) Amabilidade: Benignidade; qualidade de amável; é o amor compadecendo, sendo compassivo;
6) Bondade: Qualidade de bom; clemência; benevolência; é o amor doando;
7) Fidelidade: Fé; qualidade de fiel; também é o amor esperando;
8) Mansidão: Qualidade de manso; calmo; sereno; tranqüilo; é o amor sendo brando;
9) Domínio próprio: Temperança; controle sobre os desejos e paixões; é o amor sendo equilibrado;

Contra essas coisas não há lei (Gl 5:23).

Quanto à distinção dos dons do Espírito e o fruto do Espírito, Raimundo de Oliveira mostra assim[20]:

1) Os dons são dados, recebidos, enquanto o fruto é gerado em nós;
2) Os dons vêm após o batismo com o Espírito Santo, enquanto o fruto começa com a obra do Espírito, a partir da regeneração;
3) Os dons vêm de fora, do Alto, enquanto o fruto vem do interior;
4) Os dons vêm completos, perfeitos, enquanto o fruto requer tempo para crescer e desenvolver-se;
5) Os dons são dotações de poder de Deus, enquanto que o fruto é uma expressão do caráter de Cristo;
6) Os dons revelam concessão de poder e graça  especial, enquanto o fruto se relaciona com o caráter do portador;
7) Os dons são a operação soberana do Espírito Santo, enquanto o fruto (também do Espírito) nos vem mediante Jesus Cristo;
8) Os dons são distintos, enquanto o fruto, sendo nônuplo, é indivisível;
9) Os dons conferem poder, enquanto que o fruto confere autoridade;
10) Os dons comunicam espiritualidade, enquanto o fruto comunica irrepreensão;
11) Os dons identificam-se com o que fazemos, enquanto o fruto identifica-se com o que somos;
12) Os dons podem ser imitados, enquanto o fruto jamais o será.





[1] Assim observa William Menzies, citado em "Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal", pág. 440.
[2] Sugerido por Douglas Oss em "Cessaram os Dons Espirituais", pág. 255.
[3] GRUDEM, Wayne, org. "Cessaram os Dons Espirituais", por Douglas Oss, pág. 256.
[4] HORTON, ob., cit., John W. Wyckoff (citando Henry I. Lederle, "Initial Evidence and the Charismatic Movement: Na Ecumenical Appraisal", em McGee, Initial Evidence, 136-137), pág. 447.
[5] Ob., cit., John W. Wyckoff (citando Henry I. Lederle, que por sua vez cita P. H. Wiebe, "The Pentecostal Initial Evidence Doctrine", Journal of the Evangelical Theology Society 27 (dezembro de 1984), pág. 446 e 447.
[6] Ob., cit., pág. 473.
[7] Ob., cit., pág. 473.
[8] GRUDEM, ob. cit., pág. 892.
[9] O esboço sobre o dom de profecia segue o ensino de Wayne Grudem em sua Teologia Sistemática.
[10] GRUDEM, ob. cit., pág. 900 e 901.
[11] Ob. cit., pág. 905 e 906.
[12] Ob. cit., pág. 907.
[13] HORTON, ob., cit., pág. 474.
[14] OLIVEIRA, ob. cit., pág. 136.
[15] HORTON, ob., cit., pág. 474.
[16] Ob., cit., pág. 475.
[17] GRUDEM, ob. cit., pág. 919.
[18] Ob. cit., pág. 910.
[19] OLIVEIRA, ob. cit., pág. 137.
[20] Ob. cit., pág. 139 e 140.