sexta-feira, 15 de abril de 2011

Declaração e Discurso

DECLARAÇÃO E DISCURSO


A cada um se deve permitir julgar por si mesmo e cada pessoa deve assumir sua própria decisão pela qual dará conta diante de Deus de si.
...Estando em pleno conhecimento (desgraçadamente por própria experiência) da natureza viciosa e a tendência perniciosa da controvérsia religiosa entre cristãos, e estando cansados e enfermos desse amargo desarranjo e barulho de espírito partidarista, desejamos obter o anelado descanso. E no que nos seja possível, desejaríamos adotar e recomendar a nossos irmãos as medidas necessárias para obter a dita quietude através de todas as igrejas, ao dar como resultado a restauração da unidade, a paz e a pureza através de toda a igreja de Deus.

DISCURSO

A todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade através de todas as igrejas, o seguinte discurso é apresentado com todo respeito.

Os Males da Divisão:
...Quando se conseguir uma santa unidade e unanimidade da fé e se conseguir praticar o amor, então será possível que a glória de Deus seja promovida e assegurada, assim também se assegurará a felicidade do homem. Sentimo-nos exigidos com esses sentimentos e as vezes afetados pela triste divisão que tem interferido com a benigna e santa intenção de nossa santa religião, ao instigar a seus súditos a se morder e a se devorar mutuamente. Por isso é que não podemos negarmos a contribuir com nosso grão de areia com nossos humildes e sinceros esforços para sarar e remover esses males. Que terríveis e angustiosos efeitos tem produzido essas lamentáveis divisões! Quanta aversão, quantas reprovações, quanto descrédito e perversas conjecturas, quanto litígio irado, quantas inimizades, excomunhões e até perseguições!!! Por certo, tudo isso há de continuar existindo enquanto existam os cismas, porque, como disse o apóstolo, onde há invejas e lutas, ali há confusão e toda obra má. Todavia, estão por se ver resultados ainda mais tristes provocados por essas detestáveis maldições. Isso se verá incluído nesse país tão favorecido, no que a espada do poder civil ainda não tenha aprendido a servir o altar. Acaso não temos visto congregações quebradas em, pedaços e bairros inteiros de cristãos lançados à confusão de partidos antagônicos para logo, ao final, ficar privados das ordenanças do evangelho?
É digno de nota que muitos dos que estão nessas circunstâncias não desfrutam da ceia do Senhor, a qual é uma grande ordenança de unidade e amor.
Enquanto por um, lado os cristãos se mordem e se devoram entre si, se consumindo uns aos outros ou caindo como presas fáceis do juízo de Deus; por outro lado os que praticam a verdadeira religião, não importando o grupo a que pertençam, se sentem ofendidos, pois o fraco tropeça, o profano que não tem a graça de Deus se endurece e as bocas dos infiéis se abrem para blasfemar a religião.

A Luta pela Unidade:
O capitão da salvação não tem desistido da luta, nem tem proclamado uma trégua a seu inimigo mortal que está encaixando sua espada nos intestinos da igreja, dilacerando e mutilando seu corpo místico. O capitão não tem chamado a um cessar fogo. Nós somos os melhores soldados instruídos na arte da guerra, sabemos proceder nesse assunto, pois temos diante nós as inadvertências e erros de outros que até aqui não tem alcançado o êxito.
Nessa luta ninguém pode chamar para si um lugar preferido nem exclusivo sobre seus companheiros. Quanto a autoridade, ela não tem lugar nesse negócio, pois ninguém pode se atribuir uma autoridade divina que não tem para chamar a atenção de seus irmãos.

Palavras de Ânimo para a Luta:

Com isso em mente, não seremos desanimados, pois estamos persuadidos que nossa suficiência vem de Deus. Depois de tudo, os poderosos e numerosos estão com conosco. O mesmo Senhor, e todos que são na verdade seu povo, estão declaradamente a nosso lado. As orações das igrejas, as orações de Cristo mesmo (João 17:20-23) e as orações de todos os que ascendido ao reino celestial estão ao nosso favor. A bênção que procede de Sião está sobre o nosso empreendimento. “Pedi pela paz de Jerusalém; sejam prósperos os que a amam”. Com essas palavras de ânimo, nada poderá nos deter nesse empreendimento celestial. Não poderíamos nos render sem esperança diante do intento de lograr, no seu devido tempo, uma completa unidade de todas as igrejas, no que a fé e a prática concerne de acordo a Palavra de Deus.
A causa, pela qual advogamos, não é nossa unicamente, nem tampouco é de um grupo determinado. Essa é uma causa comum, a causa de Cristo e de nossos irmãos de todas as denominações. Tudo o que pretendemos é fazer a parte que nos corresponde nesse ato, em conexão com todos que têm parte também nesse bendito trabalho.

A Verdadeira Igreja Apostólica:
Queridos e amados irmãos, não devemos pensar que é incrível que a igreja de Cristo, nesse país tão favorecido, retome a unidade, a paz e a pureza original que lhe pertence e que é parte da sua glória. Portanto, busquemos o que seja necessário para lograr esse propósito e dessa maneira conformarmos ao modelo para adotar a prática explicitamente apresentada à igreja do Novo Testamento. Se o que encontramos produz, em uma ou em todas as igrejas, alguma alteração, tais como deveriam se admitir e aceitar. Com toda segurança, tais alterações serão para melhoramento, não para o deteriomento da igreja; a menos que consideremos que a regra divina que nos inspira seja defeituosa e tenha erros. Se assim fazemos, então mostraremos uma total conformidade à igreja Apostólica em nossa forma de constituir e governar a igreja, e chegaríamos a ter uma igreja tão perfeita como Cristo determinou que fosse. Isso deveria nos encher de satisfação.

Divisões por Assuntos de Pouca Importância:
Nossas diferenças baseiam nas coisas que não têm nada a ver com o reino de Deus, ou seja, são assuntos de opinião pessoal ou invenção humana. É uma vergonha que o reino de Deus se divida por tais assuntos! Para que nossas brechas sejam sanadas, eu creio que todos estaríamos dispostos a deixar de lado as invenções humanas na adoração a Deus e cessaríamos de impor as opiniões pessoais sobre os irmãos. Penso que todos nós gostaríamos de nos conformar de boa vontade à norma original estabelecida no Novo Testamento para poder lograr esse feliz propósito.
Há algo bom na divisão? Oh! Que os ministros e o povo entendam que na tumba não existem divisões, nem no mundo que nos espera mais além! No outro mundo nossas divisões obrigatoriamente terminarão! Queiramos ou não, no outro mundo nos uniremos! Queira Deus que ponhamos fim a nossas divisões temporárias aqui para que deixemos bênçãos depois de nós: a igreja unida e feliz. Que benefícios ou gratificações podem outorgar nossas divisões aos pastores e ao povo? Deveriam se manter até o dia do juízo? Poderão elas separar um pecador de seus caminhos errados ou poderão salvar uma alma da morte? Possuem as divisões em si alguma tendência que as faça cobrir uma multidão de pecados que desonram a Deus e prejudicam seu povo? Pelo contrário, são as divisões às que incitam e produzem esses pecados. Quão inumeráveis e altamente agravantes têm sido os pecados que as divisões têm produzido e que continuam produzindo, tanto dentro da igreja como entre os inconversos.

As Treze Proposições:
Que ninguém pense que as proposições, que apresentaremos a seguir, têm sido elaboradas como a abertura de um novo credo ou norma para a igreja ou como tenham sido delineadas como requisitos obrigatórios de comunhão. Isso está muito distante da nossa intenção. Essas proposições estão unicamente destinadas a abrir o caminho pelo qual podemos transitar cômoda e firmemente para terreno firme, baseados em premissas claras e seguras, retornando todas as coisas aonde os apóstolos lhes desejaram.
1. Que a igreja de Cristo sobre a terra é essencial, intencional e constitucionalmente uma. Ela se compõe dos que em todo lugar confessam sua fé e obediência a Cristo, em todas as coisas e de acordo com as Escrituras. Eles se manifestam através de seus temperamentos e condutas. Só esses podem ser chamados, própria e verdadeiramente, cristãos.
2. Que não deve haver divisão na comunhão nem rupturas na fraternidade das igrejas, ainda que a igreja de Cristo deva existir em congregações separadas, geograficamente distintas e independentes umas das outras.
3. Que só podem se tomar como requisitos de comunhão ou artigos de fé aquelas matérias ensinadas expressamente e ordenadas aos cristãos na Palavra de Deus.
4. Que o Novo Testamento é o manual perfeito para a adoração e o governo da igreja neotestamentária. Assim como o Antigo Testamento foi uma regra de adoração, disciplina e governo da igreja judia daquela época, assim hoje o Novo Testamento chega a ser a regra perfeita para as responsabilidades dos membros da igreja.
5. Que nenhuma autoridade humana tenha o poder de criar leis para a igreja ou alterar as que têm sido dadas no Novo Testamento.
6. Que o que infere ou se deduz das Escrituras nunca deve se tomar como requisito de comunhão ou parte do credo da igreja, ainda que aos que as descubram lhes pareçam muito certas.
7. Que os sistemas de teologia, embora tenham um lugar útil na Igreja, não devem ser impostos como requisitos de comunhão aos cristãos, já que todos não têm plena compreensão dessas matérias.
8. Que a salvação não depende do conhecimento teológico, senão em reconhecer sua necessidade de salvação em Jesus Cristo. Isso, acompanhado de uma confissão de sua fé e obediência a ele.
9. Que os têm cumprido com o anterior deveriam amar a todos os irmãos, filhos na mesma família do Pai, como membros do mesmo corpo. Que nenhum homem se atreva a separar o que Deus tem unido.
10. Que a divisão entre os irmãos é anticristã, anti-escritural e produz confusão e toda obra má.
11. Que as causas das divisões são o esquecer a vontade de Deus e a prática, de parte dos líderes, de uma autoridade arrogante.
12. Que tudo o que é necessário para reformar a Igreja se resume em três delineamentos: retornar ao modelo bíblico de receber membros na igreja; desenvolver um ministério que seja fiel a Palavra de Deus e que as ordenanças divinas sejam restauradas a sua maneira original.
13. Que quando não se encontre na Bíblia uma revelação ou ordem explícita acerca de algum assunto, então que se possa adotar um precedente inferior a título de recurso humano, para evitar a divisão e a contenção na igreja.

APÊNDICE
Os irmãos não têm que temer a nossa Associação, como se nossos recursos fossem iguais a nossos desejos. Porém, quanto aos outros, a quem consideramos “funcionariozinhos”, pastores ociosos, deveriam se contentar com ver ao rebanho do Senhor libertado de suas bocas de acordo com a sua promessa.

O Uso dos Credos:
Quanto aos credos e confissões de fé: ainda que a nossos irmãos lhes pareça que nos opomos a eles, decidimos que dita oposição deve ser entendida somente quando esses credos se oponham à unidade da igreja, ao conter sentimentos que não estão expressamente revelados na Palavra de Deus. Outra forma de no uso desses credos é tomá-los como instrumentos de uma fé humana implícita ou opressão do débeis na herança de Deus. Enquanto os credos estiverem isentos dessas objeções, não teremos nada contra. É ao abuso e não ao uso adequado desses documentos, que nos opomos.

Respeito a Opiniões:
Concluímos que se um irmão se opõe ou recusa algo que não é assunto de fé ou prática, e não se encontre um claro “assim diz o Senhor”, não devemos expusá-lo pelo fato de que não vê com nossos olhos os assuntos de dedução humana de juízo pessoal. “E assim, por causa do teu saber, perece o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu?” (1Co 8:11). Por quê não andamos conforme o amor? Portanto, temos decidido não chegar a nenhuma conclusão própria, nem adotar uma conclusão de outra pessoa falível formulando regras de fé que obriguem a nossos irmão... temos sugerido, em outras palavra, o mesmo que sugerirão os apóstolos, quer dizer, que os fortes devem suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a eles mesmos. Devemos receber o fraco na fé, porque Deus também o tem recebido. Em uma palavra, devemos receber uns aos outros para a glória de Deus.

Cristãos Judeus e Cristãos Gentios:
É conhecido que os cristãos hebreus observavam certos dias, mantiveram suas dietas religiosas, celebravam a páscoa, circuncidavam seus filhos e etc.; Coisas que não foram praticadas pelos gentios convertidos. Todavia, se manteve a unidade entretanto, em amor, se suportavam uns aos outros. Porém, se aos judeus lhes tivesse proibido explicitamente ou aos gentios lhes tivesse obrigado, pela autoridade de Jesus, a observar certas coisas, poderiam eles ter exercido a tolerância? Onde não há uma lei não pode haver transgressão formal ou intencional.
Vendo todo o panorama, observamos que uma coisa é evidente: o Senhor suportará a debilidade, a ignorância involuntária e os erros do seu povo, não a presunção. O que o povo de Deus deve fazer é “suportar com paciência uns aos outros em amor, esforçando diligentemente para guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4:2-3).

Proeminência das Opiniões:
Muitas das opiniões que dividem as igrejas, se não tivessem lhes prestado maior atenção, há muito tempo que já haviam morrido e desaparecido. Todavia, por ter insistido nelas fazendo-as artigos de fé e requisitos para a salvação, e ter entrado tão dentro das mentes até o ponto de negar a Bíblia ao ponto de não se render com suas opiniões.

Condenando os Irmãos:
Resolver expressamente um assunto em nome do Senhor, quando o Senhor não tem resolvido, nos parece um mal muito grande (veja Dt 18:20).
Um segundo mal é não só julgar o irmão como absolutamente equivocado pelo ato de divergir da nossa opinião, mas também julgá-lo como transgressor da lei e, por conseguinte, tratá-lo como tal censurando-o ou expondo-o ao desprezo ou, por último, enaltecendo a nós mesmos diante dele como dizendo-o “mantenha-se separado, somos mais santos que você”.
Um terceiro e ainda mais espantoso mal é que não só julgamos e catalogamos a nosso irmão como nada, mas também procedemos na qualidade de igreja a julgar no nome de Cristo. Não só por concluir que o irmão está no erro, porque não está de acordo com nossas determinações, mas que, além disso se procede a determinar os méritos da causa ao expusá-lo ou lançá-lo fora da igreja como indigno de participar dela. Isso vai ligado à intenção de extirpá-lo do reino dos céus.

Erros pela Ignorância da Escritura:
Que lástima! O que agora forma o vínculo e o fundamento, ou seja, a raiz ou a razão da unidade da igreja, tem sido desde muito tempo uma certa fórmula padrão de fabricação humana, a qual se tem acrescentado um pequeno grau do que se chama moralidade. E quanto à Bíblia são poucos os que a ela se sujeitam. Tem aprendido quase nada e sabem o mínimo. Por conseguinte, quase nem dependem do que ela diz. Ainda mais, eles vão lhe dizer que a Bíblia é inútil se não for acompanhada da explicação deles. São incapazes de diferenciar entre um católico e um protestante por meio dela. Seriam incapazes de se manter unicamente pela Bíblia ou pela igreja durante uma semana. Você pode lhes pregar o que desejar, ao fim não saberão diferenciar a verdade do erro. Pobre gente! Não me admiro de que estejam tão apegados a suas explicações. Por essa razão é que chamam benfeitores àqueles que exercem autoridade sobre eles e lhes dizem o que têm que crer e fazer. Esses são os reverendos nos quais eles podem, e de fato assim o fazem, pôr a sua inteira e implícita confiança inclusive em maior grau que nos santos apóstolos e profetas. Esses últimos eram homens sensíveis, honestos e sem pretensões, que nunca se aventurariam a dizer ou fazer nada em nome do Senhor, se não houvesse uma revelação do céu e nunca se distinguiram com títulos veneráveis como Rabi ou reverendo, mas simplesmente por Paulo, João, Tomé etc. Eles não eram mais que servos. Nunca assumiram nem receberam títulos honoríficos entre os homens, mas só aqueles que descreviam seus ofícios.
A única maneira que essa tremenda corrupção que prevalece na igreja seja expurgada é por meio de uma reforma radical através do retorno a simplicidade original, a pureza primitiva da instituição cristã aplicando o que encontramos nas páginas sagradas. Todo o que conhece cabalmente o estado da igreja percebe que ela está envolvida com males antes dito. Os que lêem a Bíblia e recebem a impressão que ela produz sobre a mente receptiva, percebe que tal estado de coisas é tão distinto do cristianismo genuíno como distinta é a água do óleo.

A Regra da Igreja Está no Novo Testamento:
Reconhecemos que o Antigo Testamento, igual ao Novo, é autoridade e também são uma mesma coisa em cada afirmação de natureza moral, porém não é nossa regra imediata sem a intervenção e coincidência com o Novo Testamento. Nisso o Senhor nos tem ensinado, por meio dos seus santos apóstolos, todas as coisas que deveríamos observar e fazer até a consumação dos séculos.

Opomo-nos à Controvérsia:
Nossos irmãos amados perdoarão amorosamente as imperfeições que temos mostrado nesse documento, se considerarem nosso sincero e bem intencionado esforço. Com a ajuda de seu bom juízos se corrigirão os erros e suprirão as deficiências que nesse primeiro intento tem escapado a nossa atenção.
Lamentamos ter recorrido à controvérsia para responder às objeções que, pensamos, se levantarão por causa dos erros ou prejuízos por conta nossa. Que fique claro que a controvérsia não tem parte no nosso plano. Já se tem levantado objeções e conjecturas em diferentes lugares, por isso consideramos necessário responder. Ao fazê-lo não só queremos prevenir erros, mas também poupar o trabalho de entrar em disputas verbais. Queremos também lhes prevenir da prática mais desgraçada que se ampara no pretexto do zelo pela verdade, nos referimos à controvérsia religiosa entre aqueles que professam a lei.

Parágrafo Final:
A conversão do mundo depende de nossa reforma e do nosso retorno à unidade e amor primitivos. Que o Deus de toda misericórdia nos restaure por amor aos povos e também por amor a nós. Que seus caminhos sejam conhecidos sobre a terra, o mesmo que sua saúde salvadora entre as nações.
Que todos os povos te louvem, oh Deus, que todos os povos te louvem.

Amém e Amém. FIM.

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