sexta-feira, 15 de abril de 2011

Última vontade e testamento do Presbitério de Springfield ( 1804 )

ÚLTIMA VONTADE E TESTAMENTO DO PRESBITÉRIO DE SPRINGFIELD

O Presbitério de Springfield situado em Cane Ridge, condado de Bourbon, estando em plena saúde graças à Providência, crescendo em força e tamanho a cada dia. Estando em perfeita saúde e serenidade mental, mas sabendo que tem sido determinado por todos os seus membros delegados o morrer uma só vez. E considerando que a vida de tal corpo é muito incerta, portanto, executa e ordena que esta seja nossa última vontade e testamento da maneira e forma que se descreve a seguir:

É nossa vontade que este corpo morra, seja dissolvido e submergido para se unir sem limitações ao corpo de Cristo, porque há um só corpo e um Espírito, como fomos chamados em uma só mesma esperança de nossa vocação (Ef 4:4);

É nossa vontade que nosso corpo honorífico com título de “reverendo” seja esquecido para que possa haver tão só um Senhor sobre a herança de Deus e seu nome seja Um;

É nossa vontade que o poder que possuímos para fazer leis que governem a igreja, e impô-las por autoridade que nos tem delegado cesse para sempre, de tal modo que as pessoas tenham livre acesso à Bíblia e adotem “a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus”;

É nossa vontade que os candidatos a ministros do Evangelho, de agora em diante, estudem as Sagradas Escrituras em oração fervente e obtenham licença para pregar o simples Evangelho da parte de Deus, “com o Espírito enviado desde o céu”, sem mescla de filosofia, enganos vãos, tradições de homens ou com rudimentos do mundo. Que ninguém, de agora me diante, tome “essa honra para si, senão o que é chamado de Deus, como foi Aarão”;

É nossa vontade que a igreja de Cristo retome seu direito original de governo interno, que prove a seus candidatos para o ministério no concernente à pureza da fé, conhecimento da prática da religião, seriedade e aptidão para ensinar. Que não se admitam nos candidatos nenhuma outra prova de autoridade, senão a de Cristo falando através deles. É nossa vontade que a igreja espere no Senhor da ceifa que envie trabalhadores para sua seara. Que a igreja assuma seu direito original de provar aqueles “que se dizem ser apóstolos e não o são”;

É nossa vontade que cada igreja local, como um corpo, impulsionada pelo mesmo espírito, eleja seu próprio pastor e o sustente por meio de ofertas voluntárias, sem levantar um lista de ajuda e contribuições em dinheiro, que admita membros e remova as transgressões, e que no futuro jamais devolva seu direito de se governar entregando a outro homem ou grupos de homens, não importando quem sejam;

É nossa vontade que desde este momento o povo considere a Bíblia como a única e segura guia ao céu. Todos aqueles que tenham se ofendido com outros livros que competem com a Bíblia podem lança-los à fogueira, se assim o desejam, porque é melhor entrar a vida tendo só um livro, que tendo muitos e ser lançado no inferno;

É nossa vontade que os pastores e o povo cultivem um espírito de paciência mútua, que orem mais e discutam menos. E que ao se levar em si mesmos os sinais dos tempos, olhem para cima e confiadamente esperem a redenção que já se acerca;

É nossa vontade que os irmãos fracos, que haviam desejado fazer do Presbitério de Springfield seu rei e não sabem o que tem se passado com ele, se agarrem à Rocha Eterna e sigam a Jesus no futuro;

É nossa vontade que o Sínodo de Kentucky examine a cada um de nossos membros que lhes pareçam suspeitos de haver desviado da Confissão de Fé e que de imediato suspenda os tais suspeitosos hereges para que os oprimidos possam sair livres de uma vez saboreando a doçura do Evangelho da liberdade;

É nossa vontade que Ja_ _ _ _ _ _, autor de duas cartas publicadas ultimamente em Lexington, tome valor em seu próprio zelo para destruir qualquer partidarismo. Desejamos, mais que nada, que nossa conduta passada seja examinada por todos aqueles que possuem uma correta informação, mas que os estranhos se abstenham de falar perversidade de coisas que não conhecem;

Finalmente, é nossa vontade que nossos “corpos irmãos” leiam suas Bíblias com esmero para que encontrem nela a sorte que lhes tenha sido determinada e que se preparem para a morte antes que seja demasiado tarde.

Prebitério de Springfield,
28 de junho de 1804

Robert Marshall
John Dunlavy
Richard McNemar
B. W. Stone
David Purviance


Declaração das Testemunhas:

Nós, os que acima assinam como testemunhas da Última Vontade e Testamento do Presbitério de Springfield, estando em pleno conhecimento de que haverá muitas conjecturas a respeito das causas que haviam ocasionado a dissolução do dito corpo, temos determinado que é preciso deixar claro que desde o começo esse presbitério tem estado unido em amor, tem vivido em paz e concórdia e tem falecido de morte ainda como um feto e voluntária.

As razões pelas quais resolvemos dissolver esse corpo são as seguintes: Com suma preocupação vimos que as divisões e o espírito partidarista entre os cristãos professantes eram ocasionadas pela adoção de credos humanos e determinadas formas de governo. Enquanto nos mantínhamos debaixo do nome de um presbitério, lutamos impetuosamente por cultivar um espírito de amor e de unidade entre os cristãos. Ainda assim, achamos quase impossível suprimir a idéia de que nós mesmos éramos um partido separado de outros grupos e essa dificuldade se incrementou na mesma proporção em nossos ministério tinham êxito. Levantaram-se zelos nas mentes de outras denominações e a tentação de ver a outros através desse mesmo prisma se levantou naqueles que estavam envolvidos com os diversos partidos ou grupos.

Na última reunião acordamos preparar um texto para publicar na imprensa intitulado “Observações Acerca do Governo da Igreja”, em que o mundo pudesse ver a formosa simplicidade do governo da Igreja Cristã, despojada de toda invenção humana e tradições senhoriais. Ao internamos na investigação do tema descobrimos que nenhum exemplo no Novo Testamento respalda a existência de confederações tais como os modernos concílios, presbitérios, assembléias gerais e etc. Portanto, concluímos que enquanto continuássemos organizados como estávamos, permaneceríamos excluídos do fundamento dos Apóstolos e Profetas, sendo a principal pedra angular Jesus Cristo mesmo. Ainda que havíamos chegado a essa conclusão nos mantínhamos debaixo do nome e autoridade de um corpo auto-constituído. Portanto, baseados nos princípio de amar aos cristãos de toda a denominação, por amor a preciosa causa de Cristo e por amor aos pecadores que se afastam do Senhor por causa das seitas e partidos dentro da igreja temos consentido jovialmente em retirarmos do estrépito e a fúria de grupos conflitantes e temos decidido abandonar as visões de mentes carnais e enfrentar a morte. Cremos que a morte do presbitério será de grande proveito para o mundo. Apesar dessa morte e despojo do esquema mortal, o qual servia somente para mantermos próximos à escravidão egípcia, hoje vivemos e nos expressamos na terra do Evangelho da liberdade. Tocamos as trombetas do jubileu e de boa vontade nos consagramos para trabalhar pelo Senhor contra o inimigo. Ajudaremos a nossos irmãos quando os nossos conselhos forem requeridos, estaremos dispostos a ordenar anciãos ou pastores, buscaremos a bênção divina e a unidade com todos os cristãos. Comungaremos com eles e fortaleceremos mutuamente nossos braços na obra do Senhor.

Esforçaremos, pela graça de Deus, em continuarmos o exercício de nossas funções que nos pertencem como ministros do Evangelho. Confiadamente esperamos no Senhor que Ele estará conosco. Com toda franqueza reconhecemos que temos podido falar em algumas coisas por causa de nossa humanidade, mas o senhor corrigirá nossos desvios e preservará sua igreja. Que todos os cristãos se unam em clamor, dia e noite, há Deus para que Ele remova tudo o que impede a sua obra e não permitamos que descanse até que ponha a Jerusalém por louvor na terra.

Unimo-nos de todo o coração a nossos irmãos cristãos de qualquer denominação em louvor a Deus por mostrar sua bondade na gloriosa obra que está levando a cabo na parte ocidental de nossa nação, a qual, esperamos, será finalizada na proclamação universal do Evangelho e na unidade da igreja.

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