Natureza, Qualificações e Deveres dos Ministros Cristãos
Definição
Um ministro cristão é alguém que exerce um ofício, função ou ministério eclesiástico (ex.: presbíteros e diáconos). Historicamente, os ministros são chamados de oficiais. Um oficial da igreja é alguém publicamente reconhecido como detentor do direito e da responsabilidade de desempenhar certas funções para o benefício de toda a igreja (Grudem, 759). O Novo Testamento nos revela a natureza, qualificações e deveres dos oficiais das Igrejas de Cristo e se nós quisermos seguir hoje em dia a prática da igreja primitiva devemos ordenar nas igrejas os mesmos oficiais (Thiessen, 299). Esse sentimento deve nos reger na escolha dos nossos líderes, pois somos comprometidos com a tradição do Movimento de Restauração (Movimento Stone-Campbell), que surgiu buscando a unidade da Igreja e a restauração do cristianismo primitivo. Portanto, vejamos o que as Escrituras dizem sobre os oficiais das igrejas bíblicas.
Ministério Geral
Nos tempos bíblicos havia um ministério geral que era exercido com relação às igrejas de modo geral mais do que em relação a uma igreja em particular (Pearlman, 226). Esses oficiais eram os seguintes:
1. Apóstolos. Estes oficiais foram homens especialmente escolhidos e comissionados pelo próprio Senhor Jesus (Mt 10:1-7; Rm 1:1). Uma outra característica distintiva dos apóstolos era ser uma testemunha ocular da ressurreição de Jesus Cristo (At 1:22; 1Co 9:1-2). Além das qualificações citadas acima, os apóstolos sabiam que eram inspirados pelo Espírito Santo em seu ensino oral e escrito (At 15:28; 1Co 2:13; 1Ts 4:8; 1Jo 5:9-12), desempenhando a mesma função dos profetas do Velho Testamento, ou seja, a autoridade para falar e escrever palavras que eram palavras de Deus. A mensagem anunciada pelos apóstolos era confirmada por suas credenciais sobrenaturais (2Co 12:12). Além dos doze apóstolos originais, Barnabé, Paulo e Tiago são citados pelo Novo Testamento como tais (At 14:14; Gl 1:19), mas não há nenhuma base bíblica para afirmar que houve outros além desses. Hoje ninguém pode preencher o requisito de ter visto Jesus ressuscitado com os próprios olhos, portanto não há apóstolos em nossos dias.
2. Evangelistas. As páginas do Novo Testamento relatam a existência dos evangelistas (At 21:8; Ef 4:11; 2Tm 4:5), que auxiliavam os apóstolos na missão de anunciar o Evangelho, estabelecer e organizar igrejas (Tt 1:5; 1Tm 5:22; Tt 3:10; 2Tm 4:2-5). Filipe, Marcos, Timóteo e Tito pertenciam a esta classe de oficiais na igreja bíblica. Alguns estudiosos afirmam que este ofício desapareceu com os apóstolos que os ordenavam. Todavia, há outros intérpretes que defendem a sua continuidade e igrejas que ordenam hoje em dia evangelistas para levar a mensagem aos incrédulos (missionários) e organizar igrejas (pôr as coisas restantes em ordem, guiando a igreja, Tt 1:5; 1Co 16:15-18; Hb 13:7,17).
3. Profetas. Homens e mulheres também são citados no Novo Testamento como profetas. Eles são mostrados revelando algo que Deus trouxe de modo espontâneo à sua mente (At 11:28; 13:1-2; 15:32; 1Co 12:10; 14:3; Ef 2:20; 3:5; 4:11), mas não falavam com autoridade equivalente à das palavras das Escrituras (At 21:4, 20-21; 1Ts 5:19-21; 1Co 14:29-38) que era uma função exclusiva dos apóstolos.
4. Mestres. O ofício de mestre também aparece nas Escrituras (At 13:1; 1Co 12:28-29; Tg 3:1) e os apóstolos, evangelistas e pastores desempenharam essas função (2Tm 1:11; Tt 2:3; Ef 4:11). Embora não existam qualificações explícitas em todo o Novo Testamento para esses oficiais, supõem-se que eles deveriam ser aptos para o ensino.
Ministério Local
Já o ministério local das igrejas do primeiro século as Escrituras mostram apenas dois oficiais. São eles:
1. Presbíteros, bispos e pastores. Estes três nomes são aplicados para uma mesma função no Novo Testamento. Os "presbíteros" da igreja em Éfeso foram constituídos em "bispos" sobre o rebanho, com a finalidade de "alimentar" (pastorear, poimainein) a igreja de Deus (At 20:17, 28). Em 1Pedro 5:1-2 os deveres de um "pastor" são atribuídos aos "presbíteros". Em Tito 1:5-9, os termos "presbítero" e "bispo" são usados intercambiavelmente (Thiessen, 299). Todavia, o substantivo "pastor" (poimen) não é usado para se referir aos oficiais da igreja, mas o verbo relacionado que significa "agir como um pastor de ovelhas" (poimaino) é aplicado aos presbíteros (At 20:28; 1Pe 5:2). O termo "bispo" é uma tradução diferenciada da palavra grega episkopos que também é aplicada aos presbíteros, conforme já vimos em Atos 20:28 (Grudem, 765 e 766) e significa "superintendente" ou "supervisor". O nome "presbítero" (presbutero) significa "mais velho" ou "ancião" e eles são citados no livro dos Atos dos Apóstolos (At 11:30; 14:23; 15:6, 22; 16:4; 20:17, 28; 21:18). Compete aos presbíteros presidir (1Tm 5:17), liderar (1Pe 5:2-5), cuidar (1Tm 3:4-5), ensinar (Ef 4:11; 1Tm 3:2), se dedicar à palavra e ao ensino (1Tm 5:17) e, ainda, exortar pelo reto ensino e convencer os que o contradizem (Tt 1:9). Quanto às suas qualificações, os presbíteros juntam traços do caráter e atitudes íntimas com requisitos que não podem ser preenchidos em curto espaço de tempo, senão em um período de muitos anos de vida cristã fiel (Grudem, 768). Elas podem ser encontradas em 1Timóteo 3:1-7 e Tito 1:5-9 e são as seguintes:
Ser prudente (1Tm 3:2; Tt 1:8);
Ser hospitaleiro (1Tm 3:2; Tt 1:8);
Ser apto para ensinar (1Tm 3:2; 5:17; Tt 1:8);
Não ser violento, mas amável (1Tm 3:3; Tt 1:7);
Ser pacífico (1Tm 3:3);
Não ser apegado ao dinheiro (1Tm 3:3);
Não ser recém-convertido (1Tm 3:6);
Ter boa reputação perante os de fora (1Tm 3:7);
Não ser orgulhoso (Tt 1:7);
Não ser briguento (Tt 1:7);
Ser amigo do bem (Tt 1:8);
Ser justo e consagrado (Tt 1:8);
Ter domínio próprio (Tt 1:8);
Ser irrepreensível (1Tm 3:2; Tt 1:6);
Ser sóbrio (1Tm 3:2; Tt 1:7);
Ser respeitável (1Tm 3:2);
Não ser apegado ao vinho (1Tm 3:3; Tt 1:7);
Não ser ávido por lucro desonesto (Tt 1:7);
Ser apegado à palavra fiel (Tt 1:9);
Ser marido de uma só mulher (1Tm 3:2; Tt 1:6);
Saber governar a própria família (1Tm 3:4);
Manter os filhos sujeitos (1Tm 3:4-5; Tt 1:6).
A pluralidade de presbíteros parece ser o padrão das Igrejas no Novo Testamento (At 14:23; 20:17; Tt 1:5; Tg 5:14; 1Pe 5:1-2), seja em cada igreja (At 14:23) ou em cada cidade (Tt 1:5).
1.1 O que significa ser "marido de uma só mulher" em 1Timóteo 3:2 e Tito 1:6? Essa exigência tem sido compreendida de várias maneiras pelos estudiosos do Novo Testamento e é motivo de controvérsia. Alguns intérpretes a entendem como uma proibição ao concubinato ou à poligamia, outros vêem como uma restrição à ordenação de presbíteros divorciados e que estão em um novo casamento e, por fim, há ainda os que se opõem a ordenação daqueles que ficaram viúvos e se casaram novamente (digamia). Porém, entendemos que: (1) Todas as qualificações se referem ao estado presente de um homem, não a toda sua vida passada. Por exemplo, não significa que "aquele que nunca foi violento, amante do dinheiro ou que sempre foi irrepreensível, mas aquele que não é violento, não é amante do dinheiro e irrepreensível agora"; (2) Caso quisesse o apóstolo Paulo poderia ter usado a expressão "casado uma só vez" (hapax gegamemenos usada em Hebreus 10:2 e semelhantemente em Hebreus 9:26. Expressões com verbos no aoristo são achadas em Hebreus 6:4; 9:28 e Judas 3. O particípio perfeito ginomai, isto é, "tendo sido marido de uma só mulher" (gegonos mias gynaikos andra) também poderia ter sido usada), mas não o fez; (3) Assim, não impedimos que viúvos que se casaram de novo sejam ordenados, desde que preencham as outras qualificações morais e espirituais; (4) Por fim, entendemos que a expressão "esposo de uma só mulher" proíbe a ordenação de homens que possuem mais de uma mulher (poligamia) ou é infiel a sua cônjuge (Grudem, 769). Em outras palavras, o presbítero deve ter uma vida conjugal monógama. É importante esclarecer que as Escrituras não impedem que um homem solteiro se torne pastor. Pelo que sabemos, é provável que o apóstolo Paulo fosse solteiro (MacArthur, 114). O solteiro qualificado não é descartado, mas preferencialmente os presbíteros devem ser "mais velhos", casados e ter filhos. "Onde a Bíblia fala, nós falamos; Onde a Bíblia cala, nós calamos". Devemos ter o cuidado de não proibir o que a Bíblia não proíbe.
1.2. O que Tito 1:6 quer dizer com filhos "crentes" ou "fiéis"? Em Tito 1:6 o termo grego pistos pode ser traduzido das duas maneiras e assim os estudiosos têm se dividido. Tanto "crentes" (no sentido de serem convertidos a Cristo) como "fiéis" (no sentido de serem "dignos de confiança" dos pais) podem ser usados corretamente. A palavra pistos pode significar "eu creio", "fé", mas também pode ser traduzida por "fidelidade". Seu oposto, que no grego corresponde à palavra apistos, significa "incredulidade" ou "infidelidade" (Pinto e Metzger, 36 e 64). Portanto, para nós a segunda opção ("fidelidade", "digno de confiança") parece ser a mais apropriada, pois dessa forma Tito 1:6 não contradiz 1Timóteo 3:4 onde está escrito que o bispo deve governar bem a sua casa e ter os seus filhos em sujeição (sob disciplina). Além disso, a palavra pistos foi traduzida por "fiel" em 1Timóteo 1:12 com o sentido de ser digno de confiança e fidelidade. Já a sua forma feminina, que aparece com o mesmo sentido em 1Timóteo 3:11 em referência às mulheres (diaconisas), é traduzida como "fiéis" (RC) ou "confiáveis" (NVI). Por isso os filhos dos pastores, quer sejam crianças pequenas ou adultos ainda vivendo com os pais, pois a palavra grega usada (tékna) significa filhos e filhas em geral, não devem ser acusados de dissolução (libertinagem) nem insubordinação (rebeldia). A palavra traduzida aqui por dissolução (asotia) significa "deboche", "devassidão", que em Efésios 5:18 é associada a bebedeiras, folias e festivais pagãos. Literalmente significa "não poupar nada" (MacArthur, 116). O foco são os pecados sexuais ou grosseiros (ex.: alcoolismo, dependência química), embora não esteja limitado a tal significação. Já o termo traduzido como rebeldia, insubordinação ou desobediência (anupotakos) descreve uma das "tentações que assolam os jovens, cujas personalidades são instáveis, aos quais, naturalmente, faltam respeito aos pais, anciãos e autoridades devidamente constituídas. Ainda que o homem tenha todas as qualificações para o presbitério, se não tiver podido controlar seus filhos, e ainda que isso não seja culpa sua, não poderá ser presbítero, pastor ou bispo" (Champlin, Vol. 5, 418). Portanto, Tito quis dizer que os filhos dos bispos devem ser dignos da confiança deles e não sejam rebeldes ou andem dissolutamente. Por fim, vale ressaltar que o Novo Testamento não diz absolutamente nada que impeça que um homem casado qualificado e sem filhos seja bispo.
1.3 Podem as mulheres ser pastoras? O papel da mulher na Igreja de Cristo é um assunto muito importante. Diferenças neste assunto têm dividido muitas igrejas e por isso não deve ser menosprezado. Sabemos que existem várias interpretações dos textos bíblicos e muitas opiniões diferentes quanto a este tema. Porém, esse assunto doutrinário importantíssimo está na categoria de assuntos não-essenciais, ou seja, de opinião. Eu entendo que Deus criou homens e mulheres iguais em importância, pois ambos são dotados da imagem divina (Gn 1:26-31) e reconheço que a Igreja não tem ensinado e praticado essa igualdade, esquecendo que as mulheres têm acesso a todas as bênçãos da salvação (At 2:17-18; Gl 3:26-28) e o elevado grau de respeito e dignidade que Jesus Cristo dispensou a elas (Grudem, 786).
No Novo Testamento existem dois textos-chave sobre esse assunto. Em 1Timóteo 2:11-14 parece que o apóstolo está se referindo ao culto público da igreja. Neste contexto, as mulheres não têm permissão para ensinar nem ter autoridade sobre o homem. O ensino e a autoridade são funções exclusivas de um pastor, presbítero ou bispo e é isso que Paulo está proibindo aqui. Aos pastores é requerido os deveres de supervisão, ensino, pregação, direção, pastoreio e proteção da igreja contra as heresias. Portanto, as mulheres não podem ocupar oficialmente a função pastoral sem colidir com esta passagem doutrinária. E isto também está baseado na ordem da criação, nos princípios estabelecidos por Deus para o homem e a mulher antes da queda e a entrada do pecado no mundo. Ao homem coube a liderança na família e foi a quebra deste princípio por Eva, que enganada por Satanás inverteu os papéis de masculino e feminino, pecou e conduziu seu marido ao pecado se tornando transgressora (Grudem, 787).
A outra passagem fundamental na nossa visão do papel da mulher na igreja também foi escrita por Paulo, só que para os irmãos na cidade de Corinto. Em 1Coríntios 14:33-36 o apóstolo, inspirado pelo Espírito Santo, está se referindo novamente à uma função exclusiva dos pastores. Observe no contexto o versículo 29 que diz assim: "Tratando-se de profetas, falem dois ou três, e outros julguem cuidadosamente o que foi dito". Parece que o contexto aqui é a avaliação e julgamento das profecias proclamadas publicamente na igreja. Assim, entendemos que 1Coríntios 14:33b-36 está proibindo as mulheres de fazerem uma avaliação e julgamento das profecias na congregação, que seria uma função de autoridade sobre toda a igreja local e isto é exclusivo dos pastores. Paulo não está proibindo as mulheres de falarem na igreja, pois em 1Coríntios 11:5 ele permite que elas falem (profetizem) na reunião pública da igreja. Assim como as filhas de Felipe profetizavam na Igreja de Cristo em Cesaréia (Atos 21:8-9), as mulheres também profetizavam na Igreja de Cristo em Corinto. Os ensinos paulinos em 1Timóteo 2 e 1Coríntios 14 não são incoerentes, pois nestes dois textos ele está preocupado em manter a liderança masculina (pastores, presbíteros ou bispos) no ensino e governo da igreja (Grudem, 788).
Portanto, as mulheres não podem ser pastoras, presbíteras ou bispas na Igreja de Cristo. Porém, o Senhor nosso Deus concedeu às mulheres dons para o exercício dos ministérios, liderança dos grupos de cristãos nas casas, obras missionárias, entre outras atividades na igreja. No culto público, com a permissão dos presbíteros, elas também podem fazer uma oração, cantar, testemunhar e etc. As igrejas que ordenam mulheres para o ofício pastoral perdem pontos no quesito "pureza da igreja", mas isso não quer dizer que elas deixem de ser igrejas verdadeiras e que a nossa comunhão deva ser rompida. Pelo contrário, a unidade deve sempre ser preservada.
Graças a Deus, em nosso Movimento a autonomia das congregações locais é inviolável. Ninguém e nenhuma associação, ministério ou instituição tem o direito de intervir na igreja em uma determinada localidade geográfica. Se uma igreja quer ordenar ou não as mulheres para o ministério pastoral, diaconal ou qualquer outro cargo ou função, que assim faça no exercício da sua liberdade e independência. "Interpretações e deduções das Escrituras, embora podendo ser verdadeiras, não se podem transformar em mandamentos e ordenanças da Igreja. Opiniões divergentes quanto a tais interpretações não se deverão transformar em empecilho para se comungar na Igreja", assim decidiram os obreiros das Igrejas de Cristo no Planalto Central do Brasil em 1987 (As Marcas das Igrejas de Cristo).
2. Diáconos. A palavra grega traduzida literalmente como "diácono" (diakonos) é um substantivo usado tanto no masculino como no feminino e quer dizer "servo", "ministro", "cooperador" ou qualquer outro sinônimo (Fp 1:1). No Novo Testamento os diáconos eram pessoas de reconhecida piedade, estimadas por sua prudência e bem conceituados na igreja e na sociedade. Muito provavelmente os sete homens eleitos para cuidar das viúvas pobres foram os primeiros diáconos da igreja primitiva (At 6:1-6). Compete aos diáconos, coletivamente ou individualmente, a incumbência de cuidar dos pobres, exercer a beneficência e arrecadar as ofertas em geral, podendo desempenhar quaisquer comissões administrativas dadas pelos pastores, presbíteros ou bispos.
Quanto ao fato das mulheres poderem exercer esse ofício, o Novo Testamento parece indicar que a irmã Febe era uma "diácono", ou seja, uma serva na Igreja de Cristo em Roma (Rm 16:1). Evódia e Síntique também são citadas exercendo na Igreja de Cristo em Filipos uma função semelhante a exercida por Febe em Roma (Fp 4:2-3). Parece que Trifena e Trifosa em Roma da mesma forma (Rm 16:12). É possível que 1Timóteo 3:11 também aluda a este cargo, pois não há indicação alguma no original de que o versículo 11 fala das esposas dos diáconos (Thiessen, 301). Na história da Igreja existe o registro que Plínio, governador da Bitínia, por volta de 110 d.C. interrogou sob torturas duas mulheres chamadas "diaconisas" na igreja cristã (Epístola XCVI). No final do segundo século é mencionada a existência de "diaconisas" (Constituições Apostólicas 2:26 e 3:7,15). Crisóstomo (407 d.C.), quando era pastor na igreja em Constantinopla contava com 80 diáconos e 40 diaconisas em sua assistência. Após a Reforma Protestante, menonitas, luteranos, presbiterianos, episcopais, metodistas e outras igrejas têm escolhido diaconisas para o ministério (Champlin, Vol. 3, 874). No Movimento de Restauração (Movimento Stone-Campbell), nossa principal herança histórica e doutrinária, Alexander Campbell escreveu corretamente em "O Cristão Batista" (no. 4, 1826) que homens e mulheres podiam ser "diáconos". Portanto, de acordo com o ensino do Novo Testamento, o testemunho da história da Igreja e do Movimento de Restauração, podemos concluir que homens e mulheres serviam neste importante ministério nas igrejas primitivas. As qualificações dos "diáconos" (homens e mulheres) se encontram em 1Timóteo 3:8-13:
Ser sóbrio (1Tm 3:8,11);
Ser respeitável (1Tm 3:8,11);
Não ser apegado ao vinho (1Tm 3:8);
Não ser ávido por lucro desonesto (1Tm 3:8);
Ser apegado ao mistério da fé com a consciência limpa (1Tm 3:9);
Ser irrepreensível (1Tm 3:9);
Ser experimentado (1Tm 3:10);
O homem deve ser marido de uma só mulher (1Tm 3:12);
Saber governar a própria família (1Tm 3:12);
Manter os filhos sujeitos (1Tm 3:12);
A mulher não deve ser maldizente, caluniadora (1Tm 3:11);
Ser fiel em tudo, confiável (1Tm 3:11).
E quanto aos outros cargos que não são mencionados no Novo Testamento?
Sabemos que as igrejas hoje, como uma entidade jurídica, têm vários cargos nas suas diretorias tais como tesoureiros e secretários. Muitas igrejas também têm funcionários remunerados como ministros de música, jovens, crianças, diretores de educação e etc. É importante afirmar que estes cargos não existiam no Novo Testamento e que dentro do nosso Movimento há uma tendência que afirma que eles são desnecessários. Porém, essa é uma opinião extremada e nesse assunto, assim como em muitos outros, devemos buscar uma posição mais equilibrada e centrista. Os cargos surgidos em decorrência da legalização da igreja enquanto associação civil religiosa sem fins lucrativos (diretoria) devem ser mantidos e colocados debaixo da supervisão dos presbíteros, aos quais devem ser submissos e prestar contas. Quando houver condições de eleger diáconos para essas funções, devemos fazê-lo. Não devemos esquecer o conselho do Senhor Jesus: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mc 12:17). Quanto aos demais cargos, se houver necessidade de criá-los, o princípio é o mesmo. Uma igreja bíblica tem presbíteros nas funções de ensino e governo, auxiliados pelos diáconos. Se houver necessidade de outros cargos e funções, eles devem estar debaixo da liderança bíblica da igreja.
Pedro Agostinho Jr.,
Pastor da Igreja de Cristo
Fontes:
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática, Vida Nova.
THIESSEN, Henry C. Palestras em Teologia Sistemática , Editora Batista Regular.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Editora Vida.
MacARTHUR, John. Redescobrindo o Ministério Pastoral, CPAD.
PINTO E METZGER. Estudos do Vocabulário do Novo Testamento, Vida Nova.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Editora Hagnos.
OBREIROS das Igrejas de Cristo no Planalto Central do Brasil. As Marcas das Igrejas de Cristo, 1987, sem ed.
Bíblias:
BENVI. Bíblia de Estudo NVI, Editora Vida.
BEP. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD
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