terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Segundo Tito 1.6 o pastor deve ter filhos crentes?

Para ser um pastor (presbítero ou bispo) na Igreja de Cristo é necessário ter filhos crentes? E mesmo que haja todas as qualificações bíblicas, mas os filhos são crianças pequenas, ainda assim pode ser um bispo? E se não tiver nenhum filho, pode ser um presbítero na Igreja?



Esse assunto tem gerado uma controvérsia na Igreja e no nosso Movimento (chamado no princípio como “A Reforma Atual” ou “A Reforma Presente” e posteriormente como Movimento de Restauração ou mais recentemente Movimento Stone-Campbell) não é diferente. Afinal, como deve ser a vida do pastor quanto aos filhos?



Em Tito 1.6 como o termo grego “pistos” pode ser traduzido? Os estudiosos têm se dividido e traduzido de duas maneiras. Tanto "crentes" (no sentido de serem convertidos a Cristo) como "fiéis" (no sentido de serem "dignos de confiança" dos pais) podem ser usados corretamente.



Confira abaixo o texto de Tito em algumas das mais importantes traduções evangélicas em língua portuguesa (Atualizada, Corrigida, NVI e Linguagem de Hoje) e, inclusive, uma das melhores traduções católicas (JER):



“...que tenha filhos crentes que não sejam acusados de dissolução, nem são insubordinados” – Almeida, Revista e Atualizada (RA)



 “...que tenha filhos fiéis que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes” – Almeida, Revista e Corrigida (RC)



“...e tenha filhos crentes que não sejam acusados de libertinagem ou de insubmissão” – Nova Versão Internacional (NVI)



“...cujos filhos tenham fé e não possam ser acusados de dissolução nem de insubordinação” – Bíblia de Jerusalém (JER)



“...os seus filhos devem ser cristãos e não ter fama de maus ou desobedientes” – Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH)



No Novo Testamento a palavra grega “pistos” pode significar "eu creio", "fé", mas também pode ser traduzida por "fidelidade". Seu oposto, que no idioma neotestamentário corresponde à palavra “apistos”, significa "incredulidade" ou "infidelidade" (Pinto e Metzger, 36 e 64).



Portanto, para nós a segunda opção, a tradução por "fidelidade" ou "digno de confiança" parece ser a mais apropriada, pois dessa forma Tito 1.6 não irá contradizer 1Timóteo 3.4 onde está escrito que o bispo deve governar bem a sua casa e ter os seus filhos em sujeição, ou seja, sob disciplina.



Além disso, a palavra “pistos” foi traduzida por "fiel" em 1Timóteo 1.12 com o sentido de ser digno de confiança e fidelidade (RA, NVI, JER). Já a sua forma feminina, que aparece com o mesmo sentido em 1Timóteo 3.11 em referência às mulheres ou diaconisas, é traduzida como "fiéis" (RC) ou "confiáveis" (NVI).



Por isso os filhos dos pastores, quer sejam crianças pequenas ou adultos ainda vivendo com os pais, pois a palavra grega usada “tékna” significa filhos e filhas em geral, não devem ser acusados de dissolução (libertinagem) nem insubordinação (rebeldia).



A palavra traduzida aqui por dissolução (asotia) significa "deboche", "devassidão", que em Efésios 5.18 é associada a bebedeiras, folias e festivais pagãos. Literalmente significa "não poupar nada" (MacArthur, 116). O foco são os pecados sexuais ou grosseiros (ex.: alcoolismo, dependência química), embora não esteja limitado a tal significação.



Já o termo traduzido como rebeldia, insubordinação ou desobediência (anupotakos) descreve uma das "tentações que assolam os jovens, cujas personalidades são instáveis, aos quais, naturalmente, faltam respeito aos pais, anciãos e autoridades devidamente constituídas. Ainda que o homem tenha todas as qualificações para o presbitério, se não tiver podido controlar seus filhos, e ainda que isso não seja culpa sua, não poderá ser presbítero, pastor ou bispo" (Champlin, Vol. 5, 418).



Portanto, Tito quis dizer que os filhos dos bispos devem ser dignos da confiança deles e não sejam rebeldes ou andem dissolutamente. Por fim, vale ressaltar que o Novo Testamento não diz absolutamente nada que impeça que um homem casado qualificado e sem filhos seja bispo. Porque proibir o que a Bíblia não faz?





5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Muito bom! exceto pela última ilação, concordo com o texto e acrescento que as qualificações familiares do líder ocupam uma posição de destaque para definir e selecionar o homem de Deus para liderar a Igreja (Se o homem não consegue conduzir seu pequeno rebanho, como poderiar liderar a família maior, ou seja, a igreja?).A pergunta que devemos fazer é: “Será que o homem dá evidências de ter pastoreado bem seu pequeno rebanho?”.

    Alguns talvez considerem “injusto” o fato de algumas circunstâncias da vida desqualificarem um homem para a liderança da Igreja. Mas os requisitos listados ((inclusive os de "filhos crentes"(fiéis)) são padrões objetivos que ajudam a igreja a reconhecer aqueles que DEUS designa para a liderança, sem tornar os outros “cidadãos da segunda classe”.

    Temos um princípio aqui: < O aspirante a pastor da igreja do Senhor precisa levar seus filhos a obediência e a serem fieis a Cristo (não basta estarem sob controle dos pais é necessário também estarem comprometidos com o evangelho), tendo sua própria casa sob controle, assim ganhando aceitação, experiência e autoridade para poder pastorear o rebanho maior que é a igreja de Deus>.
    Fabiano

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Concordo com o a resposta do Fabiano. Agora; se querem entender, que o ESPÍRITO SANTO a través do seu servo Tito, a qui no cap 1 verso 6, não está dizendo que os filhos dos presbíteros não são obrigados a ser cristãos! A palavra da qual estamos discutindo qui, é de DEUS; e não do homem. Onde em algumas traduções da Bíblia estão escrita "filhos crentes" ou "cristãos" ou "que tem fé". E se querem traduzir por "fidelidade" ou "digno de confiança" Pra mim é o mesmo que cristão; ou que tem fé; etc. Pois, o descrente ou não crente, não pode ter fidelidade com DEUS. Se um pastor tem um filho não crente, em Cristo Jesus; este filho do pastor, não pode ter boa comunhão com o SENHOR. Pois, qual é mais importante? um filho ter comunhão com um pai terreno ou com DEUS. Sabemos que um filho pode ter boa comunhão com o seu pai terreno; mas, nenhuma comunhão com DEUS. Sabemos também que não é possível um filho ter boa comunhão DEUS, se; no que depender dele, não tiver boa comunhão com o seu pai terreno. Só fico triste, por que vemos homens que dizem ser cristão, querendo satisfazer outros homens. Não entendendo que, a VONTADE que devemos fazer: é A VONTADE DE DEUS. E eu creio, que a VONTADE DE DEUS; E QUE TENHAMOS ZELO PELA SUA PALAVRA.

    ResponderExcluir
  5. É complicado, eu entendo, o jeito de Paulo expressar a Timóteo e um, e a Tito e outro.

    ResponderExcluir